quarta-feira, 26 de novembro de 2008
ABSOLUTO WILSON

Postando nessa madrugada para celebrar a presença do meu ilustre mestre aqui no Brasil, Robert Wilson, pisa nesta terra , depois de um demasiado tempo no qual trouxe seu trabalho com mais de 12 horas de duração " Vida e Epoca de Joseph Stalin" Dessa vez sem performances marcantes e ambientais, sem Cindy Lubar , vestida como rainha Vitória e sem o prefeito da cidade de São Paulo o acusando de ocupação imprópria.
No sesc pinheiros em São Paulo,marca sua passagem com uma palestra a um memorável público e sortudo por sinal...
E eu aqui babando...
quinta-feira, 20 de novembro de 2008
Lulu e a deserdada alegoria primitiva
Gênesis capitulo terceiro, uma mulher estende a mão aos céus num gesto fenomenal e crucial para a história da humanidade, entre os dedos o ícone, o referencial simbólico entrelaçado ao destino dos homens, a labuta, o suor, o caos, o homem numa ânsia dionisíaca sendo devorado pelos lábios macios e triturados pelos virginais caninos Eva. Neste ato que coroa os primórdios dramatúrgicos da criação, o homem acabara de ser excluído das delicias do paraíso, e desbravando o silêncio sepulcral, o criador desperta e avista um novo quadro exposto para a história, quebrando os milímetros estáticos e caminhando em direção ao altar, ainda tímido por entre a penumbra guiado por um ponto de luz, ainda imagético, ainda sorrateiro como o deslocar de uma serpente, que se eleva e vai tomando forma de mulher, vermelho-fogo, tentador... A mulher que perante todos os critérios se personifica e torna-se dominadora da alegoria do pecado, capital, social, mental... LULU, de Luiz Pazzine, corporificada em ninfas adornadas em flores, anuncia o ritual na figura da sacerdotisa Roberta Soraya, rememorando o ato milenar, trazendo à vida a evolução das alegorias de Pandora, EVA expulsa do paraíso caminha errante mundo a fora num arcabouço de culpas, prostitui-se e rouba para alimentar-se, tornando-se um animal Anti-social, no quinto ato do Espírito da terra, Wederkind revela o destino errante da pequena vendedora de flores à porta dos restaurantes refinados, onde a burguesia apura o paladar... Lulu, a prostituta decadente, a Geni alemã, a Eva do gênesis... Aquela imagem tornou-se crucial diante dos meus olhos antes cansados da tamanha ânsia em ver aquela entidade máxima desvelar-se naquele altar, pincelado pelas fortes cores expressionistas, prevalecendo à essência desse estilo em traços significativos como na proposta do estudioso Hebert Kuhn, defendendo este a recusa da imitação, “onde a representação não é mais o que é representado, essa representação (concreto) nada mais é do que um convite para entender o que é representado. Em certa medida o que é representado começa além do quadro, do drama, do poema”. Tal representação que se eleva com exacerbação da subjetividade onde o sentido do objeto deve ser buscado além da aparência... É preciso fornecer um reflexo puro inalterado da imagem do mundo. E esta só se encontra em nós mesmos, e com estas palavras Casimir Edschmid ressalta a importância atribuída ao material onde o expressionismo revela-se como a arte dos traços marcados, a arte das cores puras lançadas sobre os palcos, sobre as telas da vida... Pôde ser visto que a perda das referências ópticas e até das referências representativas era sem dúvida o maior fenômeno de toda historia recente das imagens e numa obra do acaso total Wagneriano (GESAMTKUNSTWERK) fomos contemplados com este primor da representação...
Ivh jr.
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